Dr. Guilherme Séer da Silva

O prolapso mitral é a segunda causa mais comum de refluxo pela válvula mitral no Brasil, atrás apenas da sequela de febre reumática. Responde por 1,5% a 2% na população geral, podendo ocorrer de forma familiar ou não.

Prolapso Valvar Mitral

Quem acompanha os pacientes com Prolapso Valvar Mitral?

O médico especialista em prolapso valvar mitral é o Cardiologista!

Dr. Guilherme é Cardiologista especialista em doenças das válvulas do coração (entre elas o prolapso mitral), com grande experiência na área e acompanha muitos pacientes com a doença. Discute e define condutas de casos como esse, em média 70 casos por dia, no Instituto Dante Pazzanese de Cardiologia em São Paulo, hospital com o maior ambulatório de doenças das válvulas cardíacas da América Latina.

Publicou na revista da Sociedade de Cardiologia do Estado de São Paulo (SOCESP) um tema que aborda o Prolapso Mitral e a Síndrome Arritmogênica, e a partir dessa revisão, foi convidado para palestrar sobre o assunto na Tailândia em novembro desse ano, na capital Bangkok.

Síndrome Arritmogênica do Prolapso Valvar Mitral

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A anatomia do lado esquerdo do coração

Para que você possa entender com clareza quando consideramos que o paciente tem prolapso mitral, preciso explicar um pouco da anatomia do lado esquerdo do coração. O fluxo normal de sangue que chega do lado esquerdo do coração chega pelas veias pulmonares, veias que trazem o sangue oxigenado do pulmão para o lado esquerdo do coração. Esse sangue, então entra no átrio esquerdo, depois vai para o ventrículo esquerdo e posteriormente sai do coração para a artéria aorta, sendo levado para o restante do corpo.

Para entender o Prolapso Mitral, precisamos saber a anatomia normal bem como o fluxo sanguíneo normal no coração. A imagem, na parte vermelha da figura, mostra a válvula mitral aberta, com o fluxo sanguíneo fluindo do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo.
Para entender o Prolapso Mitral, precisamos saber a anatomia normal bem como o fluxo sanguíneo normal no coração. A imagem, na parte vermelha da figura, mostra a válvula mitral aberta, com o fluxo sanguíneo fluindo do átrio esquerdo para o ventrículo esquerdo.

E aonde a valva mitral entra nessa história?

A valva mitral separa o átrio esquerdo do ventrículo esquerdo, abrindo para que o sangue flua para o ventrículo esquerdo e fechando para que o sangue não volte para o átrio esquerdo. E a função dela basicamente é impedir este refluxo de sangue. Durante a contração do ventrículo esquerdo, a válvula nesse momento deve estar fechada. Mas, não é o que ocorre no prolapso mitral. Vou mostrar um vídeo pra vocês agora mostrando e explicando exatamente isso!

Entenda o que é o Prolapso Valvar Mitral e, caso haja indicação cirúrgica, como é realizada a Plástica Mitral para correção do refluxo de sangue ocasionado pelo prolapso.

O que é o prolapso mitral?

É a protrusão de um ou de ambos os folhetos da válvula mitral para dentro do átrio esquerdo, maior do que 2 milímetros (medido pelo ecocardiograma, exame fundamental na avaliação das doenças das valvas cardíacas), impedindo o fechamento adequado da válvula, permitindo o refluxo de sangue para o átrio esquerdo.

Essa doença é grave?

O prolapso pode acontecer em graus variados, sendo a maioria evoluindo de forma benigna, ou seja, sendo o refluxo em sua maioria discreto a moderado, logo, ficando o paciente em tratamento clínico, devendo periodicamente ser realizado o acompanhamento com o médico Cardiologista, pois assim como a lesão pode se manter estável, ela também pode evoluir para um refluxo grave, podendo ter indicação de cirurgia.

Diagnosticando o prolapso mitral

Suspeitamos de prolapso mitral principalmente pelo exame clínico, ou seja, o seu relato do sintoma com detalhes ajuda muito nesse diagnóstico, bem como o exame físico. E quando há a suspeita, solicitamos o ecocardiograma para confirmar a nossa hipótese.

Quais os principais sinais e sintomas do paciente com prolapso mitral?

  • Dispneia: é a falta de ar aos esforços, ou seja, antes você subia uma ladeira sem sentir nada, e hoje você sobe uma ladeira tendo cansaço e precisando parar para descansar. Ou ainda, já apresenta este sintoma com caminhadas pequenas ou para atividades básicas do seu dia-a-dia, como por exemplo tomar banho. Esse cansaço é progressivo!
  • Sopro: a presença do sopro sistólico no foco mitral, bem como a análise das características do sopro avaliadas eminentemente pelos meus ouvidos, me fará suspeitar que esse sopro possa ser originário de um prolapso mitral. A ausculta cardíaca faz parte do exame físico básico e é fundamental nesse diagnóstico.

Exames complementares necessários:

  • Raio-x de tórax: ajuda num primeiro momento através da avaliação grosseira do tamanho do coração e da avaliação pulmonar (para ajudar a afastar que a queixa seja de origem pulmonar – dispneia é um sintoma comum a muitas doenças) e podemos encontrar, quando a doença cardíaca está descompensada, congestão pulmonar ou até mesmo edema agudo de pulmão (famoso “líquido no pulmão”).
  • Eletrocardiograma: fundamental na cardiologia, hoje é um exame básico realizado nas consultas (no nosso consultório o eletrocardiograma é realizado em todos, em todas as consultas). E para o prolapso mitral tem nos dado informações importantes, pois temos estudado muito a associação de arritmias com o prolapso mitral num quadro complexo que chamamos de Síndrome Arritmogênica do Prolapso Mitral (síndrome que gera arritmias), que será comentada adiante.
  • Ecocardiograma: exame fundamental tanto para o diagnóstico do prolapso mitral como para definir a sua gravidade, bem como a repercussão que o refluxo está gerando no seu coração.
  • Ressonância Magnética Cardíaca: importante exame para a realidade atual do prolapso, e por qual motivo? Como sabemos, os pacientes com prolapso podem cursar com arritmias, principalmente os pacientes que apresentam disjunção do anel mitral (que será abordado em artigo subsequente) ou que apresentam fibrose (“cicatriz”) no coração, que pode surgir por conta do prolapso! E a ressonância magnética é o exame padrão ouro para o diagnóstico desses achados.

Pacientes com Disjunção do Anel Mitral (principalmente os maiores do que 10 mm) e/ou Fibrose, podem evoluir com arritmias complexas (potencialmente graves) e, a partir delas, podem evoluir para morte súbita cardíaca!

Quem tem prolapso necessita de acompanhamento próximo e periódico com o Cardiologista para identificar a presença desses fatores precocemente e ter uma orientação personalizada frente a esses achados. Importante lembrar que nem todo mundo tem conhecimento dessa associação entre prolapso mitral e a síndrome arritmogênica, portanto, procure por um cardiologista experiente no assunto.

Tratamento

O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico!

Tratamento clínico: O tratamento pode ser desde o acompanhamento clínico apenas, quando o prolapso mitral gera refluxo discreto a no máximo moderado, ou ainda quando o refluxo é importante, porém com o paciente não tendo sintomas e nem alterações no ecocardiograma que sugiram “sofrimento cardíaco” por conta do excesso de refluxo de sangue.

Tratamento cirúrgico: está indicado quando o paciente apresenta prolapso mitral com refluxo importante, porém com sintomas! E o principal sintoma é a falta de ar no esforço, em geral de forma progressiva, ou seja, piora ao longo do tempo. Ou ainda se o paciente tem refluxo importante, sem sintomas, porém o ecocardiograma mostra alterações cardíacas decorrentes da presença do prolapso e do excesso de refluxo – o que chamamos de fatores complicadores, alterações que serão observadas pelo Cardiologista durante a análise do exame.

Tratamento cirúrgico

Plástica Mitral ou Troca Valvar Mitral?

Sempre que possível, principalmente se a anatomia da lesão for favorável, o cirurgião realizará a plástica mitral. Mas, caso não seja possível, será realizada a troca valvar mitral por próteses biológica ou mecânica, assunto que será abordado em artigo específico.

6 coisas importantes que toda pessoa precisa saber sobre o Prolapso Mitral!

  1. A maioria tem evolução benigna – mantendo refluxo discreto ou moderado.
  2. A anamnese e o exame físico são fundamentais para a suspeita diagnóstica.
  3. O ecocardiograma é o exame padrão ouro para definir o diagnóstico, classificar o prolapso com refluxo discreto, moderado ou grave e avaliar a repercussão da lesão para o seu coração.
  4. Existe sim associação de prolapso mitral com arritmias (inclusive morte súbita) e isso deve ser melhor reconhecido pela comunidade médica para melhor acompanhar e orientar seus pacientes.
  5. O tratamento pode ser clínico ou cirúrgico, e a avaliação do Cardiologista é fundamental para definir o melhor momento para indicar intervenção quando for necessário.
  6. Mesmo que o tratamento seja clínico, você precisa manter o acompanhamento clínico e ecocardiográfico periódicos e perceber possíveis surgimentos de sintomas, pois assim como a doença pode se manter estável, ela pode também evoluir para graus de refluxo mais graves.

Avaliações

Fonte: Atualização das Diretrizes Brasileiras de Valvopatias – 2020

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